A importância da leitura de jogo para a tomada de decisão
Afinal a tomada de decisão é algo treinável? SIM!
Carlos Pimentel
5/11/20242 min ler

Uma das situações mais recorrentes após as partidas de futebol, principalmente na adversidade, é a alegação por parte dos técnicos, que a equipe falhou nos detalhes e na tomada de decisão em situações capitais. Confesso que eu mesmo já passei por situações assim.
Afinal, é essa tal tomada de decisão algo treinável?
A resposta mais simplista é, sim!
Mas um caminho mais elaborado se faz necessário para entender, antes de tudo, qual a lógica, ou melhor, quais os mecanismos envolvidos nessa tomada de decisão. Nesse sentido podemos dizer:
Para gerarmos uma decisão, primeiramente, temos que sermos confrontados com uma situação problema. No jogo o que não falta é isso. A todo instante as variáveis se alternam, com imensa aleatoriedade e imprevisibilidade;
Diante dessa situação problema, instantaneamente temos que fazer o julgamento (leitura) do problema;
A partir dai abrirmos um número de possibilidades, proporcional a nossas experiencias prévias, as mais diversas possíveis;
Dentre essas, escolher a que julgamos mais apropriada para solucionarmos o problema;
Por fim executa-la.
Atente-se ao fato que tudo isso ocorre sequencialmente mas quase simultaneamente, em frações de tempo e, o quanto mais breve e correta for, mais será a nossa chance de assertividade.
Mas vamos nos ater ao item 2. Nele consta a questão do julgamento (leitura).
Para um bem elaborado processo de detecção da situação problema temos que necessariamente reconhecer o maior numero de sinais oferecidos. E esses são principalmente percebidos através da capacidade visual. Portanto, podemos dizer, quanto melhor monitorarmos visualmente o nosso espaço de jogo, e, todas situações dinâmicas e transitórias que nele ocorrem, melhor também será nossa leitura de jogo.
Tecnicamente dizemos que os atletas possuem uma capacidade de scanner do espaço de jogo muito desenvolvida. Essa capacidade inclui o aumento da percepção, da dimensão, dos movimentos, da amplitude, dos eixos, enfim, um monitoramento quase que 360º.
Essa capacidade, como qualquer outra, deve ser estimulada em situações de treino. Quanto mais rico e desafiador for o estímulo oferecido, melhor será o desenvolvimento.
O uso de novas tecnologia tem acrescentado qualitativamente para esse contínuo aprimoramento dos jogadores. Clubes e institutos de desenvolvimento da performance, passaram a usar um dispositivo de inteligência artificial 3D, como forma de enriquecer a oferta de estímulos visuais e respostas cinestésicas.
Os resultados e a percepção individual dos atletas e comissões técnicas, tem sido animadores. A fluidez com que esses atletas estão aprimorando a capacidade de percepção, de julgamento e de execução, tem refletido diretamente e positivamente na tomada de decisão.
Sempre é bom lembrarmos que numa partida cada atleta é responsável em média por cerca de 2400 tomadas de decisões. E que, até o fim dessa década, a previsão é que atinjamos o número de 3000 decisões / jogo / atleta.
Não podemos mais ignorar a importância e o quanto imprescindível é aprimorarmos o desenvolvimento dessa qualidade cognitiva ao longo da execução nas nossas sessões de treinos.
Um atleta com inteligência de jogo apurada, é um atleta com capacidade de decisão das situações em campo, para nossa satisfação e enriquecimento do futebol.
Esse é o jogador do futuro. Esse é o nosso jogo.
Forte abraço.
