Sobre as limitações do processo seletivo de jovens atletas

Apenas 1 a cada 3 mil candidatos se torna jogador profissional no Brasil

TEMATICO

Carlos Pimentel

4/13/20242 min ler

Uma das atividades mais buscadas para os jovens atletas são as seletivas de futebol, mais conhecidas como “peneiras”. Além de ansiosamente aguardadas, podemos afirmar que igualmente são temidas. E isso tem o porque. Segundo dados estatísticos, a cada 3000 mil prospectos ao futebol, 1 só, é isso mesmo, 1 só chegará a condição de atleta profissional.

Muito disso se deve aos processos de formação e desenvolvimento dos jovens atletas. Felizmente, apesar de termos muito ainda a fazer, vislumbramos um presente e futuro animadores a medidas que, de uns anos para cá, mais e mais clubes tem recorrido a contratação de coordenadores técnicos e metodológicos para lastrear esse processo.Por outro lado, uma área ainda muito carente é a da captação de jovens promissores. Sejam nos processos internos promovidos pela própria instituição, seja nos processos externos organizados por terceiros, afim de “revelar” o maior número possível de jovens talentosos e promissores.Nesse quesito ainda somos expostos a iniciativas personalistas, unilaterais, limitadas e insuficientes.

Ou naquele exato momento um prospecto realiza alguma jogada de efeito, ou faz um gol, ou é provido de um atleticismo acima da média, ou muito provavelmente, será preterido do processo avaliativo. E onde reside o maior erro disso? Exatamente na ausência de marcadores bem definidos daquilo que se está observando e procurando. Esses marcadores permitem não só a leitura mais precisa daquilo que se está monitorando, como abre o leque de possibilidades para uma avaliação e aproveitamento abrangentes, qualitativo e quantitativo dos jovens promissores.

Uma das vertentes mais importantes e mais negligenciadas são as relacionadas a questões cognitivas. A tal inteligência especifica de jogo. A mesma que conduz o atleta a ter uma apurada leitura de jogo e uma efetiva tomada de decisão. Para isso existe no mercado, ao nosso acesso, testes validados que aferem essas variáveis, como também, métodos de treino para potencializa-las.Não podemos nos assentar no argumento que o talento nasce pronto, que tudo é inato, exatamente porque existem um número amplo de variáveis que influenciam diretamente no rendimento. Ainda que o talento tenha sua diretriz inata, o desenvolvimento, aprimoramento e maestria virá ao longo de situações adquiridas.

A medida que um processo mais bem elaborado for introduzido por clubes e escolas esportivas, avaliadores e técnicos, gestores e empreendedores, menos veremos pessoas reclamando, em situações de jogo competitivo, que os atletas só não foram melhores por causa de equívocos na tomada de decisão.

Cabe a todos nós, envolvidos com o futebol, promovermos métodos e avaliações para o melhor aproveitamento dos jovens que dia a dia correm os campos em todo nosso país.

Somente assim as estatísticas poderão mudar, menos talento será desperdiçado e mais oportunidades serão criadas.

Afinal, Esse é o nosso jogo!