Sobre Futebol… (parte 1)

O que é esse tal de Futebol que a tantos encanta no Brasil, como de resto no mundo todo?

Carlos Pimentel

9/6/2023

Muito do que se conhece do Brasil mundo afora está relacionados a associação de imagens de duas da mais típicas manifestações da nossa cultura popular. Sim, são eles: o Samba e o Futebol!

O samba deixaremos, quem sabe, para outro momento rsss.

Quanto ao futebol, é inevitável que desejemos de falar, pois a todo instante nos relacionamos com ele, ativa ou passivamente, como espectadores ou praticantes. Não é de hoje que escutamos coisas do tipo “todo brasileiro é um técnico de futebol”, “temos que colocar o coração na ponta da chuteira”, “pátria de chuteiras”, “somos o país de futebol”, nosso saudoso Pelé foi e ainda é, o “Rei do futebol”, e por ai vai.

Seja em casa, na escola, no clube, na rua, na roda de amigos, o futebol sempre esteve presente unindo gente ao redor de uma televisão, de um campo, de uma quadra, nas calçadas das ruas, nos campo da várzea. Enfeites de bola, camisa, campo e chuteira, são constantemente utilizados, enfeitando quartos, festas de aniversário, álbuns de figurinha, ruas pintadas nos jogos da copa …

Mas o que é esse tal de futebol que a tantos encanta no Brasil, como de resto no mundo todo? Que se tornou na modalidade esportiva mais praticada em todo o planeta? Que até guerras ja interrompeu em momentos pontuais da história? Que permitiu, e ainda permite, tantos e tantos meninos, e meninas, a conseguirem sair da marginalização para uma vida próspera e vitoriosa?

Por muito tempo achamos que o futebol era apenas um monte de garotos correndo atrás de uma bola. Ou que craque ja nascia feito. Que o menos habilidoso ia pra defesa, e se nenhuma habilidade tinha, ou era dono da bola ou ia para o gol. De alguma maneira o que mais importava era a capacidade técnica que esse menino, adolescente, jovem ou adulto apresentava.

Com isso o Brasil viu um manancial enorme de tantos e tantos craques encantando o mundo todo nos mais diversos campos de jogo. E nos garantiu rapidamente 3 títulos mundiais. O Brasil definitivamente se transformaria no “País do Futebol”.

Mas com a sequencia dos anos e o longo período de 24 anos sem um único título (de 1970 a 1994), muita coisa mudou. Com o avanço das tecnologias e da produção científica, o futebol viu surgir a era da preparação física. Cada dia mais o jogador de futebol foi dando espaço para o atleta de futebol. A profissionalização, a disciplina, a imagem, o marketing em torno do “produto” futebol fez com que a indústria desse jogo mudasse definitivamente métodos, práticas e estruturas.

Nesse meio tempo o próprio mundo mudou, barreiras foram derrubadas, economia, política e informação. O mundo se globalizou, o acesso ao conhecimento chegou ao nível de um clique. A internet se instalou na tela de cada celular em todo canto do mundo.

Num contexto assim, tudo se democratizou, o acesso a informação se universalizou. Nada continuou em segredo. E com o futebol não foi diferente. Sabemos do sofá da nossa casa o que se faz do outro lado do planeta. E esse futebol “mais físico e competitivo” se tornou a nova onda de tendência.

Nessa sequencia, o Brasil é premiado com 3 finais consecutivas de Copas do Mundo (de 1994 a 2002), ganhamos mais 2 vezes, atingimos o Pentacampeonato e a quinta estrela até hoje inatingível para qualquer outro país. Outros craques e gerações surgiram, mas agora só a técnica não bastava. Era preciso uma bela condição atlética e os números da tal “performance física” tornaram-se quase uma obsessão. Como em diversos esportes olímpicos, correr, saltar, ter velocidade, força e resistência, melhorar números e testes, foi algo perseguido à exaustão pelas comissões técnicas das equipes.

Pois bem e, lá vamos nós para outro grande período de ausência de títulos. Já se vão 21 anos da última conquista. A melhor colocação veio exatamente aqui no Brasil, um quarto lugar, e a memória de uma fatídica tarde e um desastroso 7 a 1.

Muito nesse tempo e, ainda hoje, vimos o surgimento de uma nova matriz de predominância. O que outrora foi a técnica, em sequência a física, migrou o foco para as questões estratégicas, ou como mais usual, as questões táticas. O futebol mais recente transbordou tendências com as mais variadas configurações numéricas (4-4-2, 3-5-2, 4-2-3-1, 4-1-4-1, 3-4-3, 4–5-1, 5-4-1, 4-2-4) que, em certa medida, mais burocratizou e confundiu, do que solucionou o problema e a execução prática do jogo.

Nesse período, muitos foram os métodos para tentar solucionar um futebol mais estratégico e “mais específico”. Esse termo foi e ainda é, cada dia mais utilizado. Para ser específico, podemos presumir que, aquilo que era geral de alguma maneira foi sendo colocado de lado, e que algo novo preencheu esse espaço. Nisso vimos novas tendências surgirem. O que chamávamos de método analítico, onde cada parte dos fundamentos do jogo eram trabalhados isoladamente, deu lugar ao método integrado. Nesse, tudo deveria ter a interação com a bola, afinal o futebol só pode ser jogado com ela certo?

Mais tarde, com a enxurrada de estratégias táticas uma nova tendência ganhou espaço e relevância, o chamado método sistêmico. Nele, além da bola, a dinâmica de jogos, nas mais diversas proporções ganhou relevância. Ser específico portanto, passou a ser a reprodução de jogos nos treinos. Em outras palavras, passamos a nos preparar para o jogo, jogando.

E onde chegamos? Muitos afirmam que a própria visão estratégica ja está sendo superada. Que, aquilo que um dia foi ênfase na técnica e na habilidade individual do jogador, e que depois passou a focar nas questões físicas, da aptidão atlética e do rendimento corporal, chegando ao tabuleiro das estratégias conduzidas pelo específico do jogo, de alguma maneira saturou, seja pelo avanço tecnológico, seja pela robotização do atleta, seja pela universalização dos métodos e das práticas.

E que por esses caminhos, pouco temos a evoluir enquanto praticantes do futebol.

Porém no dinamismo da vida, o ser humano sempre se reinventa. Novas tendencias vão surgindo, dando margem para a evolução da modalidade.

E é exatamente disso que falaremos no nosso próximo encontro, ok? Afinal, ESSE É O NOSSO JOGO.